A União Nacional para Independência Total de Angola – UNITA deu, nesta sexta-feira, 20 de Dezembro, no Complexo Sovsmo, em Viana, a abertura da IV Reunião Ordinária da Comissão Política para tratar da situação do país e do partido, bem como os desafios do presente e do futuro. Para fazer jus ao valor da interacção humana, do diálogo e da partilha, perspectivando o alcance do objectivo maior do percurso de luta política.
Por Berlantino Dário
Na abertura da IV Reunião Ordinária da Comissão Política para tratar da situação do país e do partido, com o lema “Unidade, Disciplina e Trabalho Para a Vitória”, o líder do “Galo Negro”, Adalberto da Costa Júnior lamentou pelo facto de o ano estar a chegar ao fim sem que as expectativas do lema ‘’ANO DA MOBILIZAÇÃO NACIONAL PARA AS AUTARQUIAS’’, estabelecido pelo partido para 2024, bem como a dos angolanos sobre o poder local fossem concretizadas.
“Infelizmente, o ano prestes a terminar junta-se aos demais, confirmando o adiamento permanente das aspirações de toda uma nação. No lugar da implementação efectiva do Poder Local, por via das autarquias locais, o regime deitou para o caixote do lixo toda a legislação autárquica até então aprovada e decidiu negar todos os discursos e promessas feitas durante a sua campanha eleitoral e confessar que nunca teve na sua agenda a realização das autarquias, existindo sim como fundamental medida política, o impedimento a qualquer custo do poder local, impedir as autarquias para poder manter o país refém do estado partidário.”
Segundo Adalberto da Costa Júnior, a justificação apresentada ao país sobre a nova Divisão Político-Administrativa, como sendo a “aproximação dos serviços às populações” é uma falácia que esconde as verdadeiras intenções do regime, e considera que a sua formação política deseja a adopção para Angola, medidas exequíveis e consistentes às extraordinárias potencialidades que país possui.
“A UNITA deseja o bem para Angola e para as nossas populações, por intermédio da adopção de políticas exequíveis e consentâneas às extraordinárias potencialidades do nosso país. A justificação apresentada ao país sobre a nova DPA, como sendo a “aproximação dos serviços às populações” é uma falácia que esconde as verdadeiras intenções do regime. Não haverá desenvolvimento social e económico, nem progresso enquanto o regime continuar focado na sua sobrevivência política e a ignorar os reais problemas do povo, como o que temos vindo a assistir ao longo de todos os últimos anos”, clarificou.
Costa Júnior assegurou ainda que a UNITA mantém a convicção de que quem não “conseguiu, em 49 anos resolver os problemas básicos das populações, nos 164 municípios, não vai seguramente ser capaz de resolver os problemas nos agora 326 municípios,” tendo considerado que é uma questão de realismo político e material.
“A nova divisão político-administrativa e as tesouradas à geografia das províncias, nada mais são senão o expediente que visa contrariar a tendência irreversível da queda do partido no poder perante a sua acentuada impopularidade. A impopularidade é crescente perante a incapacidade de governar em transparência. A incapacidade de melhorar a realidade social e económica dos trabalhadores, das famílias e das empresas do nosso país”, salientou.
Entretanto, Adalberto explicou que a perda do valor do kwanza continua “infelizmente acelerada e irreversível para desespero de quem tem de comprar os produtos da cesta básica, afectados pela inflação galopante e pelos custos ultra elevados do mercado paralelo, onde hoje muitos empresários são obrigados a recorrer”, porque, segundo o político, “há muito tempo os bancos deixaram de responder às suas necessidades e aos compromissos das suas empresas. E todos sabemos que o paralelo só pode estar a sustentar a procura que lhe é dirigida através dos canais oficiais que a abastecem e enriquecem os mesmos senhores de sempre, que governam o país”, concluiu o político que a classe média desapareceu por completo e tornou-se pobre.
Por outro lado, tal como no passado, número um dos “maninhos” considerou que a posição geoestratégica do país e os seus recursos naturais têm atraído interesses dos gigantes políticos e económicos do mundo, com destaque a visita de 72 horas do Presidente norte-americano, Joe Biden a Angola, sendo o Corredor do Lobito, o epicentro da viagem.
“É nessa perspectiva que se enquadra a primeira visita de 72 horas de um chefe de Estado norte-americano, ocorrida recentemente e que teve no seu epicentro o Corredor do Lobito.”
“É desejável que Angola desfrute da sua localização estratégica na região austral de África e saiba explorar as 3 vantagens decorrentes para a satisfação dos seus próprios interesses políticos, económicos e sociais bem como das suas populações. Nada deveria ser feito para hipotecar o futuro do país e das suas gerações. Infelizmente, este é o risco que muitos países correm ao terem nas suas direcções elites mercantilistas e corruptas, não comprometidas com valores do estado democrático de direito”, lamentou.
Apelou, igualmente que é “desejável que no seu relacionamento com outras Nações e Estados, o capital mais importante de Angola não sejam apenas os seus recursos naturais e suas vantagens geoestratégicas, mas a posição de um Estado que prima pelo respeito dos direitos humanos dos seus cidadãos, pela transparência e boa governação e o compromisso com valores e princípios democráticos respeitados nos muitos dos Estados que mantêm relações diplomáticas e comerciais com Angola”.
“Tudo parece indicar que Angola, sobretudo, a sua elite política governante não está interessada em valores edificantes, em primar pelas boas práticas. O poder pelo poder, o imediatismo é o que move a elite política governante, do nosso país”.
Segundo Costa Júnior, Angola tem vindo a assistir à variadas demonstrações de quanto o Estado está tomado pela crise que habita no partido de regime. A lei dos partidos políticos em Angola determina que os partidos políticos devem reger-se por princípios democráticos
O político considerou que na região austral do continente, há similitudes que caracterizam alguns países, dentre os quais – Angola, Moçambique e o Zimbabwe permitiram que o “partido no poder tenha tomado o controlo das instituições do Estado. A Namíbia e a África do Sul apresentam realidades diferentes, para melhor e o Botswana, distingue-se de todos os outros, para muito melhor”.
De igual modo, na abertura do conclave, “ACJ” exortou a Comissão Política do seu partido, diante do actual quadro a assumir o seu papel de líder, galvanizadora e aglutinadora das esperanças e sonhos “frustrados”.
“Ainda hoje é mais uma vez a UNITA que tem de assumir o seu papel de liderança para que a ALTERNÂNCIA do Poder aconteça em Angola. A IV reunião da Comissão Política da UNITA, sob o lema “Unidade, Disciplina e Trabalho Para a Vitória” é, por si só, uma oportunidade para revisitarmos as nossas responsabilidades e o nosso posicionamento, perante o cenário que se apresenta, enquanto força motora e impulsionadora das mudanças em Angola”, encorajou.